no caminho de volta esbarrei com a notícia que a Olga Purim tinha falecido. De Carlos Leiman para Reynaldo Purim -1926 —

Tubarão 13 de julho de 1926

Querido Reynold
Saudações!
Depois de longo tempo, consegui voltar para Rio Novo, se bem por isso tive que perder a Chautaqua qual tanto eu precisava, mas nem por isso me arrependo. Estive uma semana inteira [ redonda] no trabalho no Rio Novo. Não pude parar nem meio dia. Na sexta feira viajei para Lauro Müller e na volta tinha reservado o sábado para ficar com os teus familiares. No caminho da volta esbarrei com a triste notícia que a Olga Purim tinha falecido. Eu tive um doloroso e inesperado contratempo. Acompanhei até a sepultura, apesar da melhor boa vontade de dizer algo que atenuasse a tristeza, mas não consegui. Os pais estavam tristes e inconformados. Tentei acalmar. Mas palavras, o que adiantam?

Os Rio-novenses me receberam com muito carinho e amor. Tentavam agradecer os meus esforços e trabalhos. No domingo houve batismo de 4 pessoas da Escola Dominical. Na Igreja desponta trabalhando uma nova geração. Dos velhos poucos se vêem.

Os Rionovenses me receberam com muito carinho e amor. Tentavam agradecer os meus esforços e trabalhos. No domingo houve batismo de 4 pessoas da Escola Dominical. Na Igreja desponta trabalhando uma nova geração. Dos velhos poucos se vêem.
A irmã do pastor Stroberg vive de acordo com os parâmetros do Acampamento isto é “namorando”e ainda afirmando que “O amor de um rapaz jovem é delicioso ”
Hoje vai haver culto aqui. Ontem teve culto em Pedras Grandes. Amanhã espero ir até Mãe Luzia. O tempo está chuvoso e tormentoso. As estradas estão muito ruins (desfeitas). Escreva-me alguma coisa.
Seu amigo
Carlos Leiman
O meu endereço:
Correio do Batel
Curytiba Paraná

Não posso continuar, pois a febre voltou. | De Carlos Leiman para Reynaldo Purim. – 1925 –

Portão [Agora bairro de Curitiba] 27 de Outubro de 1925

Querido Reynold
Faz tempo que estou me aprontando para escrever-te. Mas sempre aparece alguma coisa mais urgente.
Hoje saí de viagem, mas tive que voltar atrás. Vou amanhã.

Escrever tudo o que aconteceu nos últimos meses será demais. Vou escrever só o que eu lembrar. Agora estamos morando quase em Curitiba – O endereço é Caixa Postal T.

Nos dias de férias trabalhei na lavoura. Plantamos 4 quartas de milho, 2 quartas de feijão, 4 de batata etc.. Passei maior tempo doente com febre; então ainda caí da carroça e quebrei um osso. Até hoje a febre me atormenta.

Numa das últimas viagens me roubaram a minha maleta com todas roupas, Bíblias novas, um Cantor Cristão com música etc.
Trabalho tenho muito, mais do que consigo fazer. O Deter e o Stroberg estão este mês no Rio Novo. Casamentos.

Mas não posso continuar, pois a febre [Maleita ou Sezões] voltou.

Amanhã estarei viajando para Iguape S.P..
Sinceras saudações.
Carlos Leimann

_____________________________

Na entrada da barra o vento forte e as ondas lavaram o convés … | De Carlos Leiman para Reynaldo Purim- 1925 –

[Carlos Leimam era um pastor leto de Rio Novo a serviço da Convenção Batista do Parana/Sta Catarina]

Paranaguá, 6 de julho de 1925.

Prezado irmão Reynaldo

Saudações

Somente hoje depois de variados e diversos acontecimentos consegui chegar em casa!
Em Nova Odessa fui um participante da grande Festival de Hinos Sacros onde houve bastantes coisas agradáveis. Conheci o pastor Kraul. Encontrei-me com o Drrr. Ed. Alhsbirze: depois de não sei quantos anos; não mudou nada: a soberba e mania de grandiosidade continuam apesar de ter conseguido ir em frente—- Falou pela manhã em leto- uns 10 minutos e destes 7 gastou com o nome mais importante para ele a palavra “EU” e a noite ele falou em português [para isso ele tinha sido convidado], mas, talvez algum grego o tenha entendido! Eu fiquei com vergonha de ouvi-lo. Tive dó do idioma português. Triste.
Aqui ouvi bastante sobre os Pente…[Devem ser os pentecostais do Acampamento de Palma] Os maiores milagres que acontecem lá são a ladroeira e a escravidão humana. O novo Inkis de uma só tirada roubou 26:000 – 26 contos de réis e se instalou em um dos mais elegantes hotéis em São Paulo- Vive que nem? E outros seguem o seu exemplo. Então Senhoras adolescentes viúvas são levadas para as fazendas de café onde sem abrigo ou qualquer outra preocupação, com a enxada na mão da alta manhã até à tarde da noite para ganhar 1850 por dia. A caixa deles é em conjunto. Daqueles 1500 vão para a o Acampamento de Palma. Como contribuição espontânea de boa vontade. E é esta contribuição liberal J. Inkis Jr. viaja para cima e para baixo. Parece lendário? Não é?
Eu dirigi vários cultos em português e o povo está sedento pela verdade, mas quem vai anunciar. De quem eles vão ouvir? O pessoal de Nova Odessa está em rota de colisão com o Pastor Kraul. Encontrei-me com o Pastor K. Andermanis e ele está completamente bobo.
Quinta feira subi ao convés do navio em Santos. Devido as terríveis tormentas somente, domingo pela manhã o navio aproximou-se do Porto de Florianópolis e logo que chegou a parte rasa, um barquinho, nos levou-nos para a praia. Em Fpolis encontrei-me com Beno Slegmann. Então na noite de Domingo nós nos transferimos para outro navio, outra vez contra o vento. Hoje pela manhã aproximamos a Barra de Paranaguá 2 navios esperavam pela alta da maré. O nosso capitão não esperou. Na entrada da barra o vento forte e as ondas lavaram o convés do nosso navio com tivesse ficado debaixo d’água. Felizmente entramos no porto.

Em casa tudo bem. Desejo o melhor para você. Saudações.

Carlos Leiman

[Desculpe os rabiscos.].

…A febre está passando, mas estou tomando injeções de quinino.| De Carlos Leiman para Reynaldo Purim – 1925 –

Paranaguá 12 de fevereiro de 1925

Querido Reynold – Saudações

Nem sei que dia recebi a tua carta. Obrigado. Estes últimos dias, a pressão da quantidade de trabalho foi imensa.

Isso ainda mais, faz mais de um mês, que estou sofrendo de febre, (Febre intermitente). Também passei alguns dias, cuidando de problemas da lancha a motor, até que enfim ficou em perfeita ordem. Ainda tive outros acertos com a Capitania dos Portos, graças a Deus que tudo terminou, quase não conseguia dormir em paz, pensando em tantos problemas.

O Deter determinou por procuração que eu fizesse tudo, pagasse a matrícula e todo resto e agora está tudo em ordem. A febre também está passando, mas ainda estou tomando injeções de quinino.

Amanhã devo sair de lancha para visitar as Igrejas para levantar as estatísticas para apresentar na Convenção Estadoal qual será realizada em maio.

Queria deixar este trabalho aqui, mas até agora não houve possibilidades. O Deter não me larga daqui nem por nada. Honra tem me dado até demais. O que não é bom nem para mim nem para ele. Resumindo ele tem sido um amigo de inteira confiança.

O Cascão foi transferido para Rio Negro. O eu queria para mim, saiu para ele. Agora lá está tudo correndo para baixo. Com a Igreja de Rio Branco aconteceu igual como em Rio Novo. Separou-se. Os que levavam as coisas a sério, saíram, os quem não saíram e não concordam, estão sendo excluídos. Nos cultos, os que se retiraram, estão cooperando com a Igreja de Joinville, a qual recebeu de boa vontade como membros. Já começaram as lamentações, e estão querendo que eles voltem, mas isso será muito difícil.
Dizem que o Butler os tinham enganado, não contando toda a verdade. O Smidts está indo para Florianópolis. Agora aqui está muito quente e chove muito também.
O pastor da Igreja de Rio Novo virá para Curitiba para estudar.[ Karl Stroberg]

Bem por momento chega.

Saudações.

Carlos Leiman

Estou definitivamente resolvido mudar-me para Laguna…| De Carlos Leimann para Reynaldo Purim -1924

Carta manuscrita em Português e copiada sem correções

Paranaguá 16 de Agosto 1924

Prezado Irmão Reynaldo

Hontem recebi a sua cartinha sinceramente grato.
Quinta feira cheguei da minha ultima viagem e hoje sigo para outro lado – Quanto o meu trabalho durante os dias deste mez visitei 14 diferentes lugares, preguei 22 sermões, 21 reunião de oração 4 visitas particulares – viajando de motorista na lancha, pois esta por minha conta,, tem feito eu derramar suor , enquanto outros tremem de frio- nas egrejas o trabalho está se firmamento este anno tem havido muitas brigas e eliminações e poucos baptismos, ainda há alguns casos a resolver – Cascão, por dar muito escândalo à causa , as Egrejas prohibiram pregar por algum tempo –Deter amparando-o incondicionalmente mandou a Rio Branco, Joinville, creio que mudar-se-há para lá – Estou definitivamente resolvido a mudar-me para Laguna até principio de Outubro, ou então para fora deste campo-

Do Smith nada sei absulutamente – Aqui tem feito muito frio – Estou cansado, contipado , aborrecido

Estou de viagem – Até outra vez

Seu irmão e amigo
Carlos Leiman

Do Rio Novo nada sei

Penso ter cumprido a minha obrigação apesar de ter muitas coisas para escrever..| De Carlos Leiman para Reynaldo Purim – 1924

Paranaguá 1 de agosto de 1924

Querido Reinhold

Saudações

Eu estou em dívida com você, podes estar zangado e com razão, mas se você fosse meu companheiro de viagem mudaria de idéia. Estes dois meses estive todo tempo de viagem pelo litoral. Muito trabalho e muita luta. Uma é a minha divergência com o Cascão. Com o Deter as nossas diferenças ainda continuam. O Cascão me proibiu pregar aqui na Igreja de Paranaguá. Não deixa eu usar a lancha da Missão. Finalmente a Igreja de Paranaguá determinou que eu não pregasse na Igreja. Então o Deter autorizou-me o uso da lancha, mas de qualquer modo o Deter é um defensor incondicional do Cascão, inclusive o enviou para Rio Branco. Pessoa inconstante este Deter e também muito volúvel em suas decisões.

Mas defender os amigos mesmo que as evidências, mesmo que outros atestem o contrário, isto ele não olha e nem toma conhecimento.

Estou determinado a não ficar mais aqui muito tempo. Quem sabe até o fim do ano. E daí para Laguna talvez.

É muito difícil trabalhar com uma pessoa inconstante mesmo que ele seja amigo.

Penso ter cumprido a minha obrigação apesar de ter coisas para escrever muito mais, mas amanhã já tenho que viajar outra vez.

Escreve mais para mim, você tem mais tempo do que eu.
Saudações
Carlos Leiman

O trabalho é muito vasto. Muitas oportunidades. | De Carlos Leiman para Reynaldo Purim – 1924 –

Paranaguá 19 de junho 1924
Querido Purim
Saudações!
Cheguei em casa, li a tua carta, sinceros agradecimentos. Não respondi imediatamente esperando poder ir para Chautauqua. Mas não aconteceu! Este ano realmente queria participar neste evento, pois precisava falar com o Smidt. Eu espero brevemente mudar para Sta Catarina ou outro qualquer lugar, porquê aqui cada dia a vida fica mais difícil. O Cascão que de qualquer modo quer ficar na direção de tudo. Eu não quero atrasar este momento de ele chegar lá.
O Oscar de Oliveira escreve cartas pedindo perdão e mil desculpas esperando ser aceito novamente pela Igreja. Diz que quer trabalhar diligentemente.
A Igreja de Rio Branco está em revolta. Parece que está dividida. Dispensam-me do pastorado dela e saíram da Associação. No mês que vem ainda pretendo visitá-los. Vamos ver como vai ficar.
Do Rio Novo nada sei. O que o novo dirigente está fazendo. Agora voltei de uma longa viagem margeando todo litoral todo tempo com canoa movida a remos. O Cascão não me autoriza sair com a lancha a motor. Na semana que eu vou novamente. Para uma viagem de uns 15 dias.
O trabalho é muito vasto. Muitas oportunidades. Quem vai dar conta deste trabalho todo. O Link está na Escola?
Com sinceras saudações
Carlos Leiman