…com tempestades de verão com grandes trovoadas | De Olga Purim para Reynaldo Purim – 1921

Rio Novo 28 de dezembro de 1921

Querido Reini. Saudações!

Esta noite resolvi escrever uma carta para você.

Fiquei pensado que talvez esteja esperando alguma carta porque na última no começo de dezembro, eu prometi que logo escreveria. Este logo ou breve e já se acumularam às novas notícias e já começaram a ficar velhas e ai não vale a pena escrever, mas como você está de férias tudo bem.

Nesta semana no dia 26 de Dezembro no segundo dia de Natal teve festa com pinheirinho na Igreja e foi também quando recebi aquele grande pacote com jornais. Se eles tivessem chegado antes dos dias das Festas teria tempo de ler todos eles e, mas agora que as festas acabaram e os dias de trabalho voltaram quando a gente chega em casa à noite logo vem o sono, porque a gente está muito cansada. Ainda desta vez a quantidade de jornais foi realmente maior que outras vezes.

A fotografia dos seminaristas desta vez ficou realmente bonita e chegou perfeita e não como as outras vezes. Você em que poderia ter escrito de algum modo os nomes dos seus colegas a fim da gente pode saber quem eles são. Você realmente está tão magro como aparece na fotografia? Se tivesse vindo passar as férias em casa poderia ter engordado um pouco, pois laranjas ainda tem muitas nas árvores. Nós, graças a Deus estamos passando bem. O tempo está bom e muito quente, mas chove com as tempestades de verão com grandes trovoadas.

O milho faz tempo que terminamos de plantar, pois este ano com as roçadas e queimadas terminaram tudo muito bem. Plantamos 13 ½ quartas de semente de milho, 8 mil mudas de mandioca, 1 mil mudas de aipim e agora temos cuidar de capinar, pois as ervas daninhas, também crescem rápido.

Na carta passada eu escrevi que a senhora Leiman estava muito doente e a Mamma mora com ela lá, mas agora no sábado do Natal ela veio para casa, pois ela ficou um pouquinho melhor. Mas, muitas vezes, ela esteve perto do fim. No dia 20 chegou o Arthur Leiman, mas ele está assim magro, que eu cheguei à conclusão que vocês todos que querem ser doutores ficam assim. A viagem dele foi muito lenta, pois ele saiu de Buenos Aires no dia 7 de dezembro onde ele passou pelo pente fino da alfândega, na fronteira. Ele está triste que você não está em casa que se estivesse sairiam grandes negócios, pois dos antigos amigos somente dele, só resta o Roberto, [Klavin], mas ele o achou tão mudado que daquelas amizades antigas, pouco ou nada sobrou. Quando ele foi visitá-lo, foi difícil iniciar qualquer conversação. O que teria feito para que o Rubites [Roberto Klavin] tenha mudado tanto. Será que teria esquecido das antigas amizades ou teria começado a tocar na tuba dos Zeeberg. Talvez algumas lendas inventadas pela oposição o tenham abalado, pois as línguas continuam deletérias.

Aqui pela ordem tem chegado à notícia que o Inkis foi para os Estados Unidos estudar para sair doutor de lá. Eu acho que ele quer sair na frente e tem receio que pôr aqui alguém o alcance.

No sábado a noite chegou o Willis Leiman e sua esposa Lucia e mais as crianças. Estes realmente vieram como que apagar incêndio. Há pouco tempo o senhor Leiman escreveu que a mãe está muito doente e que era bem provável que não mais se levantaria. A senhora Leiman sempre dizia para o marido para que escrevesse para a Luzija que viajasse para cá, pois quando ela morrer tudo iria como que a falência e ai não adiantaria mais nada. O senhor Leiman escreveu e no momento que receberam a carta que deixaram tão perturbados que não sabiam o que fazer. Colheram o trigo e guardaram no paiol e pediram que os vizinhos alimentassem os porcos e tirassem o leite das vacas, cuidassem as propriedades em geral e eles saíram em viagem, tão rápido quanto possível. Vieram de trem pelas Serras e não sei de que porto tomaram um navio para Desterro e daí outro para Imbituba e ao todo levaram 5 dias se viagem.[De Ijuí RGS] A pressa toda é que o Willis ainda queria ver a mãe viva e na chegada, quando a mãe estava melhor a alegria foi muito grande. Foi muito bom que eles vieram, pois agora tem mais pessoas para atender, pois a Mamma fazia tempo que estava lá. O Fritz também queria vir com o Arthur, mas não conseguiu passagem.-
Desta vez chega. No Ano Novo vai haver a Festa das Missões então escreverei mais sobre as Festas em geral.

Com lembranças de todos. Olga.

Sobre Roberto Klavin: O Roberto Klavim além de agricultor era carpinteiro construtor de casas, engenhos de açúcar, farinha de mandioca, atafonas que são moinhos de farinha de milho, serrarias etc. Este trabalho exigia cálculos de relação da velocidade x força, para a otimização da energia fornecida pelas primitivas rodas d’água.

…o nosso começou com 5 violinos… | De Roberto Klavin para Reynaldo Purim – 1921

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22-12-21
Invernada

Querido amigo!

A tua última carta já faz algum tempo que recebi. Mas não consegui responder rápido, pois diversos afazeres vieram atrapalhar. Tive que ir para as Serras ver um trabalho lá e quando já estava aqui em baixo, tive que trabalhar em outro lugar. Mas agora esta semana estou em casa e assim posso escrever.

Ontem era esperado o Artur Leiman em Orleans, mas se ele realmente chegou eu não sei. Pode ser que você já saiba que a senhora Leiman estava muito doente, a morte mesmo, mas agora está um pouco melhor. O Carlos Leiman também deverá nos visitar aqui e depois ele vai iniciar um trabalho missionário em Joinville.

Agora aqui na Igreja estamos com dois Grupos Instrumentais. O nosso começou com 5 violinos e já nos apresentamos, tocando em algumas vezes durante as festas da Igreja.

A minha vida vai mais ou menos nem tão mal nem tão bem. Quanto à saúde um tanto preocupado e pôr isso quanto o assunto de estudos está pôr enquanto posto de lado, porque pode acontecer comigo o que aconteceu com o Freymann, que nada pode fazer.

O Augusto [ Klavin] que está servindo o exército agora está em Curityba e parece que vai ao Rio Grande para treinar marchas.

Muitas e sinceras lembranças. Felizes e alegres festas e um Feliz ano Novo são votos meus e todos de casa.
Roberto Klavin

… ir embora e deixar o lugar para outros. | De Carlos Leiman para Reynaldo Purim – 1921

Castelo 8 de dezembro de 1921

Querido Purim

Saudações

Hoje recebi a sua carta. Obrigado
.
Tenho viajado acertando as coisas e me despedindo dos irmãos. Não está sendo nada fácil, penso embarcar aqui no dia 18 para pegar outro navio em Niterói para Santos.

E depois gostaria de visitar os meus pais para depois participar das Conferencias da Convenção em Rio Branco. Não sei se tudo dará certo.

Não vou mais trabalhar em Laguna para não assustar os Rionovenses, pois sei que já estão assustados, porque eu vou ficar em Joinville.

Aqui o trabalho aqui se desenvolveu bem. Em todo o meu tempo aqui no estado de Espírito Santo devo ter batizado mais de 500 novos crentes.

Mas eu preciso ir embora e deixar o lugar para outros.

Até outra vista no Rio. Carlos Leiman

Complemento: …também não gostei de ler estas cartas. | De Olga Purim para Reynaldo Purim

Uma pessoa achou difícil aceitar que o caixão pudesse ser feito antes da pessoa vir a falecer.
Então elaboramos uma série de motivos:

Você nunca morou nem morreu em área rural.
Imagine um monte de tábuas amontoadas num canto do paiol.
Achar as razoáveis cortar com serra manual e aplainar também com plaina manual.
A urna tinha que ser cônica conforme o modelo mundialmente aprovado.
Fazer o revestimento interno com tecido branco.
O revestimento externo com tecido negro.
Todo revestimento preso por tachinhas latonadas (douradas).
Rendas brancas contornando a tampa e o apoio da tampa.
As quatro ou seis alças de corda também revestida com tecido.
Hoje com ferramentas elétricas e grampeadores seria realmente mais fácil.
Eu me lembro bem que este meu avô Jahnis queria por toda lei fazer a sua ” Muza Maija” ou a sua casa eterna.
Este projeto foi vetado pela minha mãe.
Tenho certeza que ele teria feito este caixão dele muito no capricho.
Nem que levasse semanas para terminar.

…também não gostei de ler estas cartas… | De Olga Purim para Reynaldo Purim

(Cartão Postal faltando o final)
[A remetente no endereço é Olga Purim]

4 de dezembro de 1921

Querido Reini, Saudações.

As tuas cartas recebi, aquela escrita em 9-11-21 eu recebi no domingo e a outra escrita no dia 15-11-21 eu recebi no dia 30-11-21 e também aqueles remédios também chegaram. Muito obrigado pôr, tudo.

Mas também não gostei de ler estas cartas, porque lá está escrito que não vens para casa.

Nós já nos estávamos aprontando para esperar, pois os dias das férias estão chegando e você viria para casa. Mas qual nada. Este ano são esperados para o Natal pessoas importantes.

Um deles e o Butler e todos da família Leiman. O Arthur Leiman pode chegar a qualquer momento, pois já escreveu que vinha. O Fritz Leiman com a esposa Lúcia somente para o Natal.

O Willis [Leiman] virá um pouco mais tarde e o Karlis [Leiman] que virá como missionário em Joinville também vai chegar até antes até aqui. O Luppers vai pagar 400$000 pôr mês para ele trabalhar em Joinville e na região. Mas, não sei se alguma alegria maior vão encontrar aqui só Deus sabe, pois a senhora Leimann está realmente muito doente há mais de um mês e não agüenta mais.
O Paps [Jahnis Purim meu avô] já foi fazer o caixão [Este caixão não foi usado por esta pessoa e a minha mãe Verginia F.Purim não achava apropriado ter uma urna funerária no sótão da casa] e a Mamma [A Mamma – Lisete Rose Purim minha avó paterna tinha uma grande afinidade com a senhora Leiman e ela cuidou com extremo cuidado usando medicamentos baseados em babosa (Aloe Vera), hidroterapia (Compressas), homeopatia e outros recursos disponíveis na época conseguindo assim reverter o problema que ela tinha no estomago ou intestinos que era o mal que ela tinha sofrido] faz muitas semanas que está lá, com ela, porque não tem outras pessoas, que possam tomar conta e não sabemos se ela vai conseguir esperar pôr alguns deles. Pôr ai você pode observar como as coisas vão pôr ai.

Depois mais, deverá vir o Pastor Inkis de São Paulo a convite do Butler para participar da Convenção em Rio Branco no dia 11 de janeiro e depois que virá ao Rio Novo. Se você viesse poderia ser somado a tantas pessoas ilustres. Bem, quem está acima de qualquer rionovense, já chegou.

A grande e ilustre dama do Rio de Janeiro, a Selma Klavim chegou ontem à noite. Vamos ter que agüentar toda aquela sabedoria e inteligência, mais que suficiente. [Parece que ela não era muito querida pelas jovens da comunidade] Se ela vai ficar ou vai voltar para lá eu não sei……
[Sem o final]

…muito admirado e pasmo pôr que lá não mais estou. | De Fritz Janowski para Reynaldo Purim

Rio Branco 20 de novembro de 1921
[(Rio Branco era uma das colônias Letas entre Bananal hoje Guaramirim e Massaranduba)].

Querido amigo!

Paz e alegria e a mais completa boa vontade no Senhor seja a Sua parte.

Pode ser que eu tenha sido esquecido ou estranho para você. Terá passado um ano que não tenho escrito para você. O entendimento e o tempo sempre estão tomados de modo que não tive condições de voltar a escrever. Como tu bem sabes que quando um caminho está tomado pelo mato fica mais difícil pôr ele caminhar. Seja como for eu nunca esqueci nos meus pensamentos, aqueles momentos que compartilhei lá no Seminário. E fico muito admirado e pasmo pôr que lá não mais estou.

Na minha vida aconteceram grandes mudanças. Neste ano no dia 24 de março eu selei a minha vida em matrimônio com a jovem irmã Ermínia Liepin, então eu já estou na classe dos maduros ou velhos. Estamos morando em Rio Branco com o pai.

Para o ano que vem estamos aguardando o irmão Carlos Leiman como Missionário para cidade de Joinville e cidades vizinhas. Em 11 a 15 de janeiro de 1922 reunirá aqui em Rio Branco a Assembléia da Convenção Batista Paraná / Sta. Catarina.
Esperamos a sua presença por aqui.

Com muitas lembranças e a certeza de um próximo reencontro.

Teu Fritz Janowski.