Batistas de Rio Novo, Orleans SC e seus frutos. | Por Benjamim Wiliam Keidan – Maio 2012

BATISTAS DE RIO NOVO, ORLEANS SC E SEUS FRUTOS

Os imigrantes, vindos da Letônia, chegaram em Santa Catarina em busca de uma nova terra para suas famílias. Do porto de Laguna seguiram até Orleans e daí para o Rio Novo cheios de sonhos e expectativas quanto ao futuro, construção das casas, trabalho, lavouras e boas colheitas.

Em 1892 surge o primeiro grande resultado, a organização da Primeira Igreja Batista Leta no Brasil. Logo as famílias se unem para a construção de um templo provisório. Era simples, primeiramente com telhado e paredes de folhas de palmeiras, e em seguida outro com paredes e telhado de toscas lascas de madeira, mas o início de uma plantação que resultou em muitos frutos.

Passados 120 anos temos aqui uma rica história, que demonstra os caminhos e os planos de Deus “Porque os meus pensamentos não os vossos pensamentos; nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus se levantam sobre a terra assim se acham levantados os meus caminhos sobre os vossos caminhos e os meus pensamentos sobre os vossos pensamentos” (Isaías 55:08, 09) para aquele povo dedicado.

Muitos imaginam que todo o esforço dos pioneiros foi em vão, que os sonhos e as expectativas foram frustrados, pois muito pouco sobrou em Rio Novo.

Entretanto, temos uma visão diferente.

Aconteceu aos cristãos primitivos, (conforme o livro dos Atos dos Apóstolos cap, 08) uma grande dispersão. Por motivo de perseguições eles foram espalhados por muitos lugares, o que motivou o surgimento de muitas igrejas e o início de uma grande obra missionária em vários países.

Aconteceu o mesmo com os Batistas Letos no Brasil. Muitas famílias não se adaptaram às condições das terras na região de Rio Novo e saíram em busca de novas terras mais apropriadas para suas lavouras.

Já em 1895 um grande grupo que se fixou no Rio Grande do Sul organizava a Igreja Batista Leta em Ijuí, na Linha 11.

Outro grupo foi para São Paulo e em 1906 fez parte da organização da Igreja Batista Leta em Nova Odessa, na Fazenda Velha.

Um grupo considerável subiu a Serra e foi instalar-se em Urubici onde o clima mais ameno era mais semelhante ao que tinham deixado na Letônia.

Mais tarde um grande número de famílias foi para o Sudoeste de Paraná: Pato Branco, Francisco Beltrão, Renascença etc.

Sobrou muito pouco em Rio Novo, um antigo templo, apenas alguns descendentes residem na região, mas quantas sementes espalhadas em tantos lugares estão produzindo seus frutos!

As primeiras Igrejas Batistas fundadas em diversas cidades de Santa Catarina, muitas das Igrejas Batistas no Rio Grande do Sul, os integrantes dos Grupos Letos da grande Florianópolis e do Grupo Leto de Curitiba, tem suas raízes ligadas à história de Rio Novo.

Os cristãos primitivos do livro dos Atos dos Apóstolos foram espalhados por motivo das perseguições.

Os pioneiros dos Batistas Letos no Brasil foram se espalhando em busca de novas terras, oportunidades de trabalho e estudos para os filhos.

Ambos produziram frutos, com sementes que ainda se espalham.

Pr. Benjamim William Keidann ( Presidente da Associação Batista Leta do Brasil) – Florionópolis, SC, maio de 2012.

Informações sobre as famílias de Rio Novo | Depoimento dado por Dª Lídia Andermann

Breves informações sobre as famílias que vieram para o Rio Novo baseadas no depoimento dado pela Dª Lídia Andermann

Andermann
Karlis Andermannis era nome de seu pai. Veio para o Brasil em 1.905 no mês de agosto para ser Pastor e professor da Escola e ensinar o Leto e o Português. Moravam na própria igreja. A menina nesta época da tinha 5 anos. Achava a natureza muito bonita. Lembra também dos piqueniques especiais para as crianças.

O seu pai foi professor no Rio Novo por 5 anos e depois por razões de Doutrina [se tornou pentecostal] teve que sair. Mas ela ficou mais anos morando junto com família do outro Professor que veio depois. O seu pai mudou-se para Mãe Luzia.
, perto do Eduardo e o Ziguismundo. A esposa do Sr. Karlis era da família Kansbergs. O nome da menina, hoje senhora é ela a própria Lídia.

Balod
Dos Balod ela lembra que moravam perto do lugar chamado “Kanels” que na realidade era uma encruzilhada deserta sem qualquer significado se não fosse o lugar das pessoas que vinham juntas da Igreja e, às vezes, namorando ao luar ou sem ele, tinham que separar. À direita iam as que moravam no Rio Carlota, Rodeio das Antas, Rodeio do Açúcar e Invernada. Para a esquerda iam os habitantes do Rio Laranjeiras, Coxilia Sêca e Brusque. Lembra que os Balod tinha duas filhas, a Cornelia e a Alda.

Karklis
O chefe do clã era o Sr. Jekabs. Os filhos pela ordem: Jekabs, Karlis, Vilips, Janis, Ernests e Fricis. O velho era muito comilão, existem diversas histórias. Também era muito cômico e por vezes mal interpretado devido o ambiente por demais puritano. Era casado com uma das irmãs Kanzbergs
.

Frischembrudder
O Sr. Frischembruder tinha sido padeiro e confeteiro em Riga. Por isso nas festas da Igreja quem fazia o pão e os doces era ele.

Grikis
Este tocava violino e ensinava o coro.

Grunski
Este tinha uma atafona e uma menina doente.

Indricksonn
Este não era crente. Negociava. Comprava manteiga e outros produtos. Reclamava da estrada que ia para Orleans, cheia de raízes, pedras e muita lama.

Karp
Karp Onkulis [Tio Karps- Modo carinhoso de tratar as pessoas mais velhas] era como a pequena Lídia o chamava. Os filhos Oscar, Arvido [o surdo mudo], Eduardo e a Matilde que mais tarde casou com o João Zalit. Eles por muito tempo não admitiam estar namorando. Estavam sempre a cavalo e sempre passavam na frente da Igreja a galope total e o pastor [pai da Lídia, a nossa narradora] ficava irritado e na primeira oportunidade chamava atenção deles com o pretexto nobre de não maltratar os animais.

Klavins
“Meza Klavins”. Assim era chamado o chefe do Clã dos Klavin. [Significa que este Klavin era da selva ou do mato e longe da civilização pois morava longe na Invernada]

Lövenschtein
Este brigava muito com a esposa. Das três filhas, duas eram Amalia e a Ida. Também tinha um filho que com toda certeza era autista.

Match
Estes tinham duas filhas solteironas muito orgulhosas, não davam bola para nenhum rapaz e muito principalmente se fosse um Karklis.

Neiland
“Neiland Tant” • era desamparada e morava um mês em cada casa.

Netemberg
Eram muito pobres, tinha uma filha que morava em São Paulo ganhando a vida ensinando ginástica e fazendo massagens.

Ochs
Uma filha do Ochs casou com Leimann de Ijuí [A Lúcia]. O João foi morto por uma bala perdida em Tubarão.

Paegle
Ela lembra da Marta. Uma filha dela furou o joelho com uma agulha.
Eram duas famílias dos Paegles e moravam perto de Orleans. Eles tinham uma ferraria. Eles tinham vários filhos.

Plieder
O Plieder não era crente.

Steckert
Moravam inicialmente perto do “Kanels” ele era marceneiro e ela costureira. Ela mudou para Orleans e deixou o marido sozinho. Tinha duas filhas a Valeria e outra Frida que casou com o filho do Karp quer era surdo mudo [Arvido] e o rapaz se chamava Hari. O senhor Stekert morreu sem ninguém saber porque [sozinho]. Ele não mudou da roça para Orleans. Talvez fosse problema do coração. Com as meninas eu me dava bastante.

Vanags
Levou um tiro na testa e ficou cego de um olho. Estava limpando a espingarda.

Zanerips

Tinham muitas filhas. Morou em Azambuja [Araranguá] perto do mar. Eram muito amigos dos Andermann.

Lieknim
Mudou para Nova Odessa. Tinham 2 filhas e 1 filho. Moravam junto à tia Laura (?).

Purim
Moravam muito perto deles logo na subida do morro para o lado do “Kanels”. A tia Olga a convidou para ir a sua casa para tomar um café.

Zalit
O João Zalit casou com a Matilde Karp uma das moças mais bonitas da época. ???

Slengmann
Os Slengmann morava perto do Och.

Zeeberg
Os Zebeerg de Mãe Luzia eram Adventistas. Um Zeberg que tinham duas filhas e foram para Nova Odessa. Eles moravam perto da tia Lina -Será que não era os Lieknin?

Eu voltei morar em Rio Novo para estudar com o Professor Elbert.

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Nossos sinceros agradecimentos pela atenção e gentileza de nos fornecer estas informações. Sabemos serem poucas, mas demonstram o que do tempo de criança uma pessoa adulta consegue lembrar fatos que marcaram a sua mente naquela época.

V.A.Purim

Guilherme Butler e Marta Anderman Butler



Professor Vilis [Guilherme] Butler e sua esposa Marta Anderman Butler

Guilherme Butler, como passou a ser chamado no Brasil, foi um dos imigrantes que chegou ao Rio Novo no início do século XX. Mais tarde foi estudar nos Estados Unidos.

Foi um dos primeiros professores da Escola anexa à Igreja Batista Leta de Rio Novo. Chegou a escrever uma cartilha (impressa na Rotermund na cidade de Rio Grande, RS) usada para pelos letos para aprenderem a língua portuguesa.

Meu pai aprendeu as primeiras letras tendo ele como professor.

Para uma biografia mais completa: Biografia de Guilherme Butler

VAP