Rio Novo, 19 de maio de 1920
Querido Reinold! Sweiki/Saudações
Agora tem-se passado várias semanas sem que eu tenha recebido alguma notícia sua. A última carta foi a escrita no dia 9 de abril, a qual recebi no dia 21 de abril.
Desta vez não poderei escrever muito, apesar de que novidades têm bastante, mas esta noite (ou esta manhã) quero escrever alguma coisa. Você pode imaginar no relógio já é meia-noite passada — então posso dizer que é de manhã porque já passou de meia-noite. Ou não?
Imagino que você esteja pensando em nós, pois estamos em festas — mas como esta passou depressa! Hoje vai ser o dia de encerramento da Convenção; alguns mensageiros já amanhã depois do almoço vão começar a viagem de volta, deixando deixar o Rio Novo para trás.
Tu já sabes que o S. L. Watson está aqui também. Hoje à noite ele disse que amanhã viria aqui em casa, e quer saber se não tem alguma coisa para ele levar para você. Disse também que a Kate [Klavin] tinha mandado um pacotinho para a Selma, então amanhã vamos dar S.S.S. [dinheiro?], que temos certeza que vai chegar bem, e também esta minha carta.
Sei que você quer saber detalhadamente como foi e o que aconteceu na Convenção, mas desta vez não vai dar. Deixa passar esta época de apuros e correrias, que mais parecia uma guerra, todos fazendo o possível para que tudo saísse de acordo e todas as pessoas saíssem daqui com a melhor impressão. Hoje também a cabeça da gente está tão cheia de coisas que acho melhor deixar a poeira assentar e deixar para depois contar os detalhes.
Acho que você leu n“O Batista” o programa da Convenção e das Conferências; pois é, saiu mais ou menos como estava previsto ali, com algumas modificações sobre as quais vou escrever noutra vez.
O início, que estava previsto para o domingo à noite, teve que ser adiado para a segunda à noite devido ao atraso de muitos mensageiros. Os mensageiros que compareceram foram bem mais do que os esperados. Só de navio vieram mais de dez. O Onofre Regis veio de Pedras Grandes, e de Mãe Luzia veio bastante gente. No dia 11 o Deter telegrafou de Paranaguá que iria embarcar no paquete “Anna” com seis pessoas: o Deter com a esposa e a filhinha, o pastor João Henke, o Edmundo Assenheimer e o pastor Abraão de Oliveira de Curitiba; vieram mais o pastor Manoel Verginio de Souza de Antonina e o colportor Carlos Donavante como mensageiro de Paranaguá. Este chegou bem antes: dia 13 já estava em Orleans.
De Rio Branco vieram o Fritz Janowski e o Rudolfo Loks. Os do Rio de Janeiro, com o S .L. W., quando chegaram a Florianópolis o “Max” já fazia horas que tinha saído para Laguna. Então esperaram vários dias, e quando chegou domingo de manhã saiu um navio com destino a Imbituba. Aqui ninguém sabia quando realmente eles iriam chegar, por isso desde o dia 13, dia 14 e 15 de maio tinha gente com cavalos encilhados esperando na estação. Sempre ia bastante gente: inclusive o nosso Arthurs levou a Marsa encilhada diversas vezes e o trem chegando, mas nada e assim voltavam sem os convidados.
Então, domingo de manhã depois do culto, o Butlers recebeu um telegrama dizendo que o pessoal do Rio já estava em Imbituba e deveriam chegar no trem da tarde de terça-feira, então na segunda ele não estaria. No culto da noite outra notícia: eles já estariam em Tubarão, e deviam ser buscados em Orleans na segunda-feira às 10 horas da manhã. Então novamente os emissários foram em busca dos convidados.
Essa antecipação foi conseguida com a Administração da Estrada de Ferro, para que eles pudessem vir no retorno de um dos trens de carvão de pedra. Então imagine você aqueles doutores vindo num trem de serviço: ficaram mais pretos do que aquele negro de Paranaguá.
Então: chegados a Orleans foram para a casa do Stekert, onde tomaram um lanche e depois juntos tiraram fotografias em grupo. Depois, montados nos cavalos, saíram em direção do longínquo Rio Novo.
Havia três pessoas com máquinas de tirar fotografias.
Então lá pelas três da tarde — oh, como ficaram enrijecidos depois de tanto tempo a cavalo, — chegaram enfim ao seu destino, depois de gozarem da grande oportunidade de cavalgar uma distância tão grande.
Determinaram que na mesma noite deveria haver a solenidade de abertura dos trabalhos da Convenção. Na casa do W. Slengmann ficou o Carlos, na casa dos Frischembruder ficou a Família Deter. João, um negro mas exímio músico, ficou na casa dos Osch. Na casa do Butlers ficou o R. Loks e na nossa casa ficou o pastor Manoel. O Fritz Janowski ficou na casa do Oscar Karp, o Dr. L. S. Watson na casa dos Leimann e o João Henke e o Edmundo na casa dos Klavin.
Poderia ter havido mais gente, mas parece que alguns não vieram ou não conseguiram chegar. Na terça-feira houve duas reuniões, uma de manhã e outra à noite. Na quarta-feira a mesma coisa, e hoje depois de todos os trabalhos foi servido um café com acompanhamento a título de confraternização. Amanhã pela manhã será o encerramento e daí fim: é só ir embora.
Teve muita gente que queria que as pessoas importantes ficassem pelo menos até o fim do mês. O Deter disse que se chegar a Laguna ou Imbituba e não conseguir navio voltará num trem de carvão.
Bem, agora chega, noutra vez eu descrevo as miudezas. O evento foi muito proveitoso, pois os rionovenses agora ficaram sabendo muitas coisas de que não tinham a mínima idéia. Oxalá Deus permita que a igreja entenda todos os planos e consiga por os mesmos em ação e conseguir a vitória.
Nós todos estamos bem, todos com saúde. O tempo está começando a esfriar. Lembranças de todos.
Noutra vez minha carta vai ser léguas mais comprida, assim você poderá ler a semana inteira.
Também fico no aguardo de cartas longas.
Olga