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Rio Novo 13 de junho 1926
Querido maninho!
A tua carta escrita em 17 de maio recebi somente no dia 4 de junho, por ela muito obrigado. Poderia ter respondido antes, mas como não é sempre que a gente vai a Orleans então não vale à pena escrever, pois assim as notícias ficam velhas.
Este ano o inverno está muito chuvoso. Chove quase todo semana e neste inverno está ventando muito. Chove com muito vento frio. Quando melhora e para de chover ai esfria mesmo e já tivemos algumas geadas, mas não foram fortes para matar alguma coisa por aqui e vamos ver como vai ser daqui para frente. Ontem o tempo melhorou e ficou um dia lindo e até um pouco quente, fomos a Igreja e depois do almoço o Arthur e mais 4 foram para o Rio Larangeira. Todos os nomes das pessoas que foram começava com a letra A. O Alexis [Klavin] é que dirige os trabalhos. Foi o Attis [Slegman] e o Augusto Klavin. O Roberto [Roberto Klavin – O construtor de engenhos, atafonas e serrarias.] faz tempo que não aparece em casa. Desde logo depois do Natal quando ele saiu não voltou para casa. É possível que tenha ganhado tanto dinheiro que não dá para trazer. Ele te escreve?
Ontem fomos a Igreja e estava um pouco nublado e logo começou a chover e assim quando o pessoal saiu para ir para casa começou a chover mais forte e assim passaram aqui gritando [É normal e instintivo gritar quando a pessoa leva uma chuva gelada com vento e sem alguma proteção], pois ninguém tinha trazido guarda chuva ou capa. Então foi a oportunidade de ficar literalmente encharcados, pois chovia forte e soprava um vento frio. Quando nós precisávamos de chuva ai não chovia e agora chove demais.
De modo geral nada de novo não tem ocorrido por aqui. Aqui a vida corre mais devagar do que nas grandes cidades. Aqui não tem trens que descarrilam e nem pessoas que se atracam em brigas.
Quem esteve e ainda está muito doente é o Eugênio Elbert, ele está de cama mais de 1 mês e meio. Chegou a ponto de não ouvir ou reconhecer ninguém, tudo por causa de furúnculos que de início eram localizados nos pés, mas depois chegaram até a cabeça. Ninguém esperava mais que vivesse. A febre chegou a 42C. Os lábios e a boca ficaram azuis [roxos]. Há algumas 2 semanas atrás nós fomos visitá-lo e ele estava tão abatido e magro que parecia ter só a pele e os ossos. Não pode nem sentar. A alimentação tem ser feita como uma criança pequena dada com uma colher direto na boca. Ele já está bem crescido com os seus 18 anos e é possível que reaja e sare, mas não vai ser tão rápido, pois foi um caso muito sério.
Ainda outro assunto se realmente vais embora verifique se é possível endereçar os jornais direto para cá senão não poderemos receber nada ai do Rio. Também peço que mandes jogos de cordas de violino isto é se for possível senão eu vou ter que procurar por aqui.
Hoje chega de escrever. A Olga também escreveu para você uma longa carta, então você tem notícias suficientes.
Então estarei aguardando longa carta sua sobre tudo que por lá acontece e se passa.
Ainda muita e amáveis lembranças e que o Senhor esteja com você.
Lucija
Olá!!! Apesar de não ser leta por natureza, casei-me com um descendente de leto (Paegle) e conhecer a história dos letos no Brasil me deixa muito feliz. Parabéns! Continuem esse belo trabalho de manter viva a história de um povo que contribuiu muito para a fomação cultural e religiosa de nossa região.
Olá jovem e simpática Patrícia. Obrigado pela atenção dispensada e as palavras amáveis em relação ao nosso trabalho. Ajude a gente divulgar este trabalho,
pois existem muitas pessoas que não tem noção nenhuma de sua história. Aquele abraço também no Paegle seu maridão. Vapurim